28/01/2017

PARA QUE SERVE UM DEPARTAMENTO DE MÚSICA NA IGREJA?

Pb. Jacó Rodrigues Santiago

Foto: Rose Caetano


A propósito da recente reunião realizada no Templo Central da AD em Ipatinga, no dia 27 de janeiro de 2017, para discutir sobre a criação do Departamento de Música das Assembléias de Deus do Ministério de Coronel Fabriciano e Ipatinga, em Minas Gerais, pode surgir a pergunta que dá título a este artigo. Ou seja, para que criar um Departamento de Música na igreja?

Ouve-se muito da existência de líderes de igrejas que não apóiam esta ideia, de ter um Departamento de Música e as razões, segundo eles, são várias: músico não gosta de orar; músico não gosta de Escola Bíblica Dominical; músico não freqüenta os cultos durante a semana e por aí vai. Até certo ponto eles têm razão! Por outro lado, também, o que falta é a visão do líder em relação ao Departamento de Música (DM). Ele simplesmente não vê a necessidade disso.

Sabemos que tudo é uma questão cultural. Antigamente nossos saudosos pastores achavam que na Assembleia de Deus não havia necessidade de um DM, porque o líder da igreja poderia resolver tudo, sem ajuda de ninguém. O pressuposto desse líder é que prevalecia, e tanto na administração da igreja como na liturgia dos cultos, seguia-se conforme a determinação e o temperamento do pastor. Mas, as coisas mudaram.

Vivemos numa época em que as pessoas estão mais aculturadas, temos muita gente com curso superior e pós-graduadas. Hoje temos entre nós, militares (dentre praças e oficiais), médicos, advogados, engenheiros, professores (e muitos desses universitários), profissionais das mais diversas áreas, etc. E graças a Deus, temos líderes evoluídos e com a mente aberta, que gostam e apóiam uma boa organização musical na igreja.

Hoje o pensamento é que, podemos sim, ter uma excelente organização de música, trabalhando em sintonia com o pastor ou líder da igreja, jamais querendo tomar o seu lugar de líder. O DM passa então a ser um dos braços que sustentam a Obra de Deus. Sem um órgão gestor da música, é impossível o funcionamento perfeito dos grupos musicais, não existe uma programação adequada, não se vislumbra um futuro promissor, por exemplo, se não existe escolas de músicas, não existirá novos instrumentistas, coristas e regentes.

Aí surge a pergunta: porque em muitas igrejas já não existem mais os corais, as bandas trabalham precariamente, os regentes morrem e não deixam sucessores? Os músicos estão desmotivados e isso pode ser uma das respostas porque eles, às vezes, deixam a desejar quanto a participação efetiva e freqüência aos cultos e outros eventos da igreja. A resposta é simples: músico gosta de atuar, músico gosta de organização, músico gosta de música, louvor.

Então o surgimento ou a criação de um Departamento de Música, vem de encontro às necessidades da igreja, de ter uma estrutura musical bem organizada de forma a auxiliar o pastor na liturgia e nas programações diversas. Por isso, louvo a excelente iniciativa de nosso Ministério, na pessoa do Pastor Presidente José Martins de Calais Júnior, também contando com o apoio do 2º vice-presidente, Pastor Raimundo Gilson da Silva, hoje Pastor Regional do Templo Central da AD em Ipatinga.

Então, como organizar de forma eficaz um Departamento de Música?
1 – O Diretor desse DM têm que ser uma pessoa capaz, convertido, membro da igreja, entender (pelo menos um pouco) de música, ser idôneo, freqüente aos cultos, ter uma certa cultura musical, digno de confiança, ter uma ampla visão do que seja uma organização musical e principalmente (a meu ver) que não apóie e nem admita “panelinhas”, tratando a todos os envolvidos com imparcialidade.

2 – O DM é composto de: instrumentistas (bandas, orquestras, conjuntos diversos, etc), cantores vocalistas, corais, equipes de louvor e maestros.
3 – O DM tem as seguintes atribuições:
a) – Organizar (se possível) uma programação anual em conformidade com a diretoria da igreja; manter reuniões regulares durante o ano, para planejamento e avaliação das atividades.
b) – Coordenar atividades e programações musicais da igreja, tais como: aniversários dos templos, do Ministério, do pastor, eventos especiais como Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia do Pastor, Culto dos Militares, Culto dos Idosos, Batismos em geral, Culto de Natal, Ceias, etc.). Grandes eventos como congressos de jovens, adolescentes, das senhoras e cruzadas evangelísticas.
c) – Colaborar com o pastor na liturgia dos cultos rotineiros (hinos, apresentações, cânticos, ofertório, prelúdios e poslúdios).
d) – Zelar pela manutenção dos instrumentos musicais e sonorização, inclusive podendo nomear um coordenador só para esta função.
e) – Trabalhar em prol da criação e/ou manutenção das bandas de música, orquestras, isto é, se preocupar com o bom desempenho desses grupos, na formação de novos alunos e capacitação técnica dos músicos atuantes.
f) – Pela mesma forma, zelar para a manutenção dos corais nas igrejas, incentivando a inserção de novos coristas e novos regentes.
g) – Incentivar a criação de novos corais ou grupos conforme a faixa etária, exemplo: conjunto dos novos casados ou conjunto da terceira idade.
h) – Ajudar na escolha do repertório de cada grupo, conforme a faixa etária e levando em consideração o estilo e o propósito de cada um.
i) – Providenciar apresentações musicais para os cultos da igreja, de acordo com o departamento envolvido (Escola Dominical, Missões, etc).
j) – Preparar, ajudar ou mesmo dirigir o serviço de louvor antes ou durante a programação do culto.
k) – Recomendar para a liderança da igreja, os nomes de cantores solistas, duetos, trios, quartetos, instrumentistas para poderem exercer suas funções. Sabemos que às vezes aparecem tecladistas que nem pertencem a igreja para tocar, só porque foi convidado por um integrante do conjunto. Isso já aconteceu por várias vezes.
l) – Incentivar o maior número de adolescentes, jovens e adultos a estudarem música, visando a cantar no coral ou tocar na orquestra.
m) – Dar suporte musical para todo o programa evangelístico da igreja.
n) – Preparar ou organizar seminários, simpósios, worshop para cada naipe instrumental ou técnica vocal.
o) – Coordenar através de escalas a participação dos cantores, grupos musicais nos cultos, e finalmente,
p) – Criação de escolas (com professores com reconhecida capacidade) para o ensino de teoria musical para que haja bons músicos para a continuidade do trabalho musical na igreja.

Portanto, parabenizo ao Pastor Presidente José Martins de Calais Júnior e ao querido Pastor Raimundo Gilson da Silva por terem a visão dessa necessidade e entenderem o nosso anseio. Espero que com a implantação desse DM no Ministério, nossos músicos instrumentistas, cantores e coristas se sintam mais motivados para realizar a obra do Senhor, de forma eficaz e com qualidade. Que deixemos de lado as picuinhas, as vaidades próprias de músico e vamos trabalhar com um só objetivo, o engrandecimento do Reino de Deus.

*JACÓ RODRIGUES SANTIAGO é filho do saudoso Pr. Josias Pereira Santiago. É Presbítero no Templo Central da AD em Ipatinga/MG, onde atua como músico / tecladista. É historiador, escritor e autor de um blog assembleiano que leva seu nome e de vários livros históricos.