22/01/2017

José Gonçalves Ferreira

Pesquisas e elaboração: Historiador Pb. Jacó Rodrigues Santiago

Arquivo: Jacó Rodrigues Santiago



Nasceu aos 14 dias do mês de abril de 1922, na cidade de Joanésia (MG), filho de Ilídio Gonçalves Ferreira e Marta Antônia da Silva. Jovem ainda saiu de sua cidade, em companhia de dois rapazes com a intenção de trabalhar em Governador Valadares. Sem alcançarem o objetivo, partiram em direção à cidade de Timóteo. Como o dinheiro que possuíam era insuficiente para pagarem todo o trajeto, resolveram viajar cerca de onze quilômetros a pé até chegarem a Baguari, onde embarcaram no trem com destino a Timóteo.

Aos 15 dias do mês de abril de 1945, foi admitido na empresa Aços Especiais Itabira - Acesita S/A. Naquela época de poucos trabalhadores na empresa o número de seu registro (chapa) foi o de número 45.

Casou-se no dia 7 de agosto de 1948, com a jovem Olinta Gonçalves da Paixão, que foi e é parte inseparável de seu ministério. Portanto, descrever sua biografia sem associá-la à de sua esposa, é quase impossível! Através de um curso de alfabetização promovido pela “Escola Profissional”, que funcionava no bairro Vila dos Técnicos, em Timóteo, e auxiliado pelo professor e tenente reformado Sr. Aquino e também pela professora Ilda Zauza, José Gonçalves tomou suas primeiras aulas e pôde então, pela leitura, conhecer um pouco do mundo que o rodeava.

Em toda a sua família não havia um crente sequer. Porém, o Senhor preparara um servo, o irmão Gerônimo Lopes da Rocha, que incansavelmente evangelizava nosso irmão e insistia em convidá-lo a participar dos cultos. Aquele discipulador, diácono da igreja, emprestou ao jovem uma Bíblia de edição “Ave Maria”. Sua pouca leitura não o impedia de ler as Sagradas Escrituras constantemente. Pelo fato de estar em contato com a palavra se Deus e não decidir a seguir definitivamente ao Senhor, foi invadido por uma angústia tal que, certo dia, ao chegar de seu trabalho, apossou-se de uma pequena foice e partiu cheio de maus pensamentos, para os fundos de sua residência, na avenida 18, hoje a avenida México, no bairro Quitandinha - Timóteo. Ali, em meios a tanto mato e eucaliptos, ajoelhou-se e fez uma oração a Deus, pedindo a Ele que o ajudasse em paz na religião que, por tradição, recebera de seus pais ou que ingressasse de uma vez por todas na “igreja dos crentes”. Após essa oração contrita, voltou para a casa divinamente aliviado e de tal forma convicto a respeito da salvação, que comentou com sua esposa sobre o firme propósito de, a partir daquele dia, no próximo culto do qual participasse, entregar-se-ia a Jesus. Em suas palavras a companheira, o quase novo convertido, sem mesmo imaginar o futuro, prenunciou dois acontecimentos interessantes: sabia que ela (sua esposa) não tomaria a decisão rapidamente como ele e que ser crente não era ficar quieto, parado. A cidade já contava com as igrejas: Católica, Presbiteriana, Batista, Cristã do Brasil e Metodista. Coronel Fabriciano já possuía um templo da Assembléia de Deus, situada na Rua 13 de maio, atual Albert Scharlet, onde todos os crentes das duas regiões (Coronel Fabriciano e Timóteo) congregavam. O responsável pelo vasto campo, que incluía todo o Vale do Aço, até próximo a Governador Valadares, e inclusive João Monlevade, era o saudoso Pimentel.

No dia 05 de maio de 1960, aceitou a Jesus Cristo como Salvador de sua alma na Igreja Evangélica Assembléia de Deus. Em 02 de agosto do ano seguinte, por ter buscado de Deus, recebeu o batismo no Espírito Santo. Quatro meses depois, desceu ás águas batismais e, por servir fielmente ao Senhor, foi separado para o diaconato em 08 de setembro de 1968. A partir daí, mesmo não ambicionando posição dentro da igreja de Deus, o diácono foi designado para dirigir uma congregação no bairro John Kennedy, construída em um lote doado pelo irmão Deusdete, proprietário de uma empreiteira da época. A congregação foi erguida com a autorização do pastor Pimentel, pelo fato de o trabalho do Senhor crescer satisfatoriamente na cidade de Timóteo.

Com o passar do tempo, a Igreja cresceu em número de congregados e o Diácono desejou passar a direção da congregação a um outro irmão, uma vez que se sentia incapaz de guiar o numeroso rebanho de Deus. Sua intenção não foi aceita pelo pastor Pimentel.

Enquanto isso, nosso Senhor trabalhava na vida da esposa do devoto obreiro. A dona Olinta foi convidada certa vez para participar de um culto e quando chamada a receber a Jesus Cristo, rejeitou e pediu a seu companheiro que nunca a chamasse para ir à igreja.

Nove anos se passaram sem que dona Olinta participasse de qualquer trabalho promovido pela igreja. No entanto, as irmãs da congregação decidiram organizar um culto de ação de graças pela passagem do aniversário do diácono dirigente. Convidaram com muita delicadeza e, claro, pela ação do Espírito Santo, conseguiram levar a esposa àquele evento. Mais uma vez, o esperado não aconteceu. Porém, dona Olinta começou a freqüentar a congregação, auxiliada por uma vizinha, membro da igreja Metodista, que deixava de participar dos cultos na sua Igreja, para acompanhá-la à Assembléia de Deus.

O Diácono, em 14 de março de 1971, foi consagrado ao presbitério. Inconformado com seu “lar dividido” pediu ajuda ao pastor que o aconselhou a ler para dona Olinta as epístolas bíblicas que tratam sobre os presbíteros. De posse da Palavra de Deus, o obreiro pediu à sua companheira que tomasse uma decisão. Sua esposa foi dura: “ele jamais teria uma esposa crente, a menos que ela falecesse e ele se casasse novamente”. Mais uma vez, ao procurar a ajuda de seu pastor, foi aconselhado a ficar tranqüilo, uma vez que a Palavra do Senhor fora lida. O Espírito Santo, com toda a certeza, trabalharia no coração da ouvinte. Após participar de um abençoado culto, em 09 de maio de 1971, dona Olinta regressou à sua casa imediatamente ao término do trabalho, como era seu costume. José Gonçalves empenhou-se por encontrá-la ainda acordada. Ao ser perguntado a mesma por qual motivo não se rendeu ao Senhor naquele culto, respondeu que foi tomada de vergonha. Ele não perdeu a oportunidade e convidou-a para fazer a confissão ali mesmo, em seu lar. Assim puderam, pela primeira vez, orarem juntos.

José Gonçalves permaneceu como empregado da Acesita até 20 de outubro de 1973. Daí para frente, dedicou-se inteiramente aos trabalhos da Igreja e, em 18 de setembro de 1980, foi consagrado a pastor. Sua atuação junto aos servos de Deus e até mesmo na sociedade Timotense é merecidamente reconhecida.

Atualmente o pastor é o presidente de Honra da Igreja Evangélica Assembléia de Deus - Ministério de Timóteo. Além de ser reconhecido como um importante personagem por essas instituições, é considerado por todos os ministros e assembleianos como um experiente obreiro, pai e fiel amigo.